Eu não sou igual a ninguém
Atualmente não sei se é a crise econômica ou algum surto de "exibicionismo crônico" as acompanhantes tornaram-se na cortina virtual mais expostas do que as prostitutas da rua.
Onde abre-se a internet e vêm-se sites com anúncios ginecológicos de baixo nível e vulgares.
Com fotografias de uma nudez grotesca sem sentido de estética, sem arte, sem aquele mistério que apela ao querer saber mais.
E o sexo masculino adora, biologicamente adora mas eis a questão: qual é o tipo de "homem" que essas mulheres atraem?
Sim porque eles não são todos iguais!
A muito tempo que foquei-me num nicho específico de homens:
Os elegantes, respeitosos, não misóginos e discretos.
Os que apreciam um bom livro, um bom vinho, sabem falar sobre arte, debater questões sociais sem soarem ao camponês antes de 1974.
Os que respeitam e valorizam a valentia de um não de uma mulher com a sabedoria que aquela mulher não diz não só poraue sim .
E os que mesmo chegando com tesão incontrolável dentro das calças preferem que seja uma interação mútua , com um ritmo de quem toma um cocktail ao fim da tarde e ri genuinamente da vida.
Exposição demais atrai quais?
Via da regra, viciados em pornografia, punheteiros e homens sexualmente egoístas e frustrados que enxergam a mulher como um objeto para usar a seu livre-arbítrio, os toxicodependentes por vezes, e os que são capazes de enforcar uma mulher com a desculpa que sexo agressivo é o prazer mais profundo da alma.
Não há seleção intelectual prévia dos pretensos clientes é verdade mas a cautela no ego e nos julgamentos machistas já ajuda a flitrar.
É desnecessário expor-se demasiado quando já se coloca um preço na sua companhia!
Isso aumenta o risco de receber homens parados no tempo e pior os que não levaram com cinto em criança.
Se você cobra pelo seu tempo inclua nele pessoalmente os seus actos, suas partes íntimas, minimizando online os riscos já existentes e resguarde-se mais.
Se for boa no que faz não irá morrer de fome, logo não precisa alimentar a misoginia e a perversão de tarados da internet.
Elegância atrai elegância, fineza atrai fineza, discrição atrai discrição e sobretudo seletividade atrai seletividade.
Convém dizer que pior que isso tudo é fazer rifa na internet e ainda se intitular "acompanhante de luxo".
Quando decidi que tinha de obter mais lucro para realizar-me em vez de contar as moedas para "o que chega" traçei a meta que não iria fazer nada do que eu não quisesse, que não ia atender ninguem que não me agradasse nem que isso implicasse atender apenas dois clientes por semana.
Por consequência aumentei os valores do meu atendimento, seleccionei mais quem contactava-me e passei a olhar para mim como uma empresária.
O que eu gosto?
O que me dá prazer?
Que tipo de homem me atrai?
Quais os meus limites?
No inicio foi muito duro pois via colegas a lucrarem ao dia enquanto eu ficava semanas á espera que alguem aparecesse.
Mas a certeza que a qualidade é melhor que quantidade manteve-me no caminho pois eu sabia o que queria e porque o queria e como queria.
E mais do que isso sabia quem eu era além do sexo.
Muitas acompantes acham que é só o sexo que lhes garante, o saberem várias posições, o gemerem como as atrizes porno ou o saberem chupar até ao fundo.
Pasme-se que eu nem abrir um preservativo domino, não sei as variadas posições e nem estouro rios de dinheiro em lingerie e muito menos sei falar com maestria ao telefone as frases mais safadas porque não me sinto á vontade.
Gosto mais de as dizer ao vivo.
Então no que sou realmente boa?
Com o tempo percebi que era o facto de me rir que nem adolescente ao abrir mal o preservativo e o receber cada pessoa como se fosse única que fez as coisas melhorarem.
Quando se deixa de fazer publicidade gratuita sobre o corpo e mais sobre a mente, aquilo que se é, que se tem certeza em ser mesmo que o mundo acabe , o pano cai e os outros passam a ver mais genuidade.
Quando se assume as estrias sem photoshop, o peito pequeno fora do padrão-mercado do peito grande, a rebeldia da personalidade, a imperfeição na profissão porque se está sempre á espera que sejamos perfeitas o tempo todo.
A minha seletividade afastou muitos homens por acharem que eu não tinha direito de escolher já que abria as pernas por dinheiro mas também me fez perceber se me ligam e pensam assim é porque não valem o meu tempo que eu poderia estar a fazer outra coisa qualquer ou mesmo sem fazer nada.
Tive crises de choro algumas vezes em que questionei o risco e se não era melhor cobrar menos e ficar calada mas eu não queria por nada deste mundo atender individuos que me fizessem sentir suja, inferior ou que me obrigassem a fazer só o que eles queriam por terem dinheiro no bolso.
Porque as notas vão e voltam, circulam de mão em mao mas a tranquilidade em saber ao fim do dia que fiz e fui quem eu sou era mais gratificante.
Com isso deixei de julgar-me, criticar-me, passei a valorizar meu corpo, meu jeito de ser e a desfrutar de cada convivio.
Até passei a gostar mais do sexo porque eu fazia como queria, com quem queria e só o que queria.
E não pedia desculpas a ninguém.
Sim porque eles não são todos iguais mas mais do que isso eu não sou igual a ninguém !